25 de set. de 2010

O mundo com você, só você.

  
 Estava caminhando sozinha, sem ter o que sentir, tentando esquecer meus amigos, minha família, todas as pessoas que eu amava, todos estavam condenados a morte, o mundo estava acabando e tudo que eu podia fazer era caminhar, ou morreria mais rápido. Havia um homem, que estava sempre andando sem olhar para os lados, sem nenhuma expressão, sem dizer uma única palavra, uns o adoravam, o veneravam sem mesmo saber de onde ele vinha e porque estava no meio de nós, alguns ficavam assustados com aqueles olhos, os únicos olhos capazes de emanar uma luz verde, e diante aquela penumbra esverdeada todos ficavam paralisados, o mundo estava acabando e todos se perguntavam se era Deus, ou um outro ser maior para nos salvar. O que sei é que enquanto estive por perto, não vi ninguém ser salvo por ele. Crianças morriam segurando as mãos de suas mães...As pessoas imploravam por ajuda.
Então eu decidi partir sozinha, já que não me sentia capaz salvar ninguém. Eu trazia apenas uma foto daquelas pessoas assustadas, eu trazia dentro de mim o alivio de não ter ficado junto com elas, todos estavam tão perdidos no escuro e eu sabia que encontraria o mar, encontraria um lugar que poderia ficar. Já não existia mais sol, e por tantos lugares eu passei sozinha, sem sentir medo... me perguntava o que estava acontecendo comigo, se eu não tinha medo da morte, por que eu queria viver? Mesmo me perguntando, eu continuava andando, e algumas vezes eu me lembrava dos momentos bons que vivi, e não tinha como eu não me lembrar das pessoas que estavam comigo nesses momentos, e da pessoa que eu queria que estivesse comigo neles, mas nunca esteve, pois estávamos sempre muito distantes. Eu não sabia o que tinha acontecido, não sabia como estava e onde estava ele, eu tinha que suportar a dor de não ter noticia alguma, ou poderia desistir de caminhar e morrer como os demais. 
 Quando enfim coloquei meus pés na areia, minhas lágrimas não eram capazes expressar a felicidade de ter chegado aqui. Algum tempo depois, enquanto procurava por alimento, perto daquela velha ponte... bem distante eu via uma pessoa caminhar em minha direção, e quando se aproximou pude reconhecer sua face, era ele, era tudo que eu precisava! Com tantas coisas ruins acontecendo, era difícil acreditar que o amor era capaz de existir... Então eu pensei que se viver feliz com uma única só pessoa sem me importar com o mundo inteiro morrendo, sem me importar com qualquer outra pessoa que um dia foi próxima a mim, era amor, então eu amava. Então hoje, anos depois eu continuo amando até que a morte me engula, e quando ela me engolir irei contar para ela uma história de amor que conta o que duas pessoas que se amam são capazes de fazer para viverem juntos, encontrando sozinhos um modo de serem felizes, uma vez que todo o mundo se acabou. Quem sabe assim a morte não me dá uma chance de voltar no tempo... E se o tempo voltasse para antes de toda dificuldade que passei para chegar aqui, eu passaria tudo novamente, pois o que seria de mim longe da razão que tenho pra não desistir nunca? O que seria de mim sem a única pessoa capaz de me fazer acreditar no amor? 
 Eu estou completa, esperando o resto da história ser feito, com um sorriso no rosto e sem medo, ao lado da pessoa que dá significado a minha vida e a minha luta para continuar vivendo.